MÚSICA NA QUARENTENA

UM RECORTE NACIONAL DAS MÚSICAS E VIDEOCLIPES CRIADOS NESTE PERÍODO DE ISOLAMENTO REUNIDOS AQUI NA COLETÂNEA DA MOSTRA.

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REINVENÇÃO NA PANDEMIA
Os consagrados se reinventaram

LADO A: AGORA PRESENTE

REINVENÇÃO NA PANDEMIA
Os consagrados se reinventaram

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Criolo & Milton

Não existe amor em SP
Nessa nova versão de seu primeiro grande hit, "Não Existe Amor em SP", o rapper Criolo convidou um grande nome mineiro da MPB, Milton Nascimento, e fez um belíssimo registro audiovisual mostrando as ruas vazias de São Paulo logo no início da pandemia, mostrando a introspecção e o próprio vazio que se refletiu na gente nesse momento de medo e incertezas.

Majur

Andarilho
Revelação em ascensão da Bahia, a cantora Majur registrou essa canção de amor e afeto em sua primeira composição ao violão. Dedicada a um amigue de mais de uma década de história, Majur fez essa canção também em homenagem ao fortalecimento das relações nesse período de isolamento. A música traz ainda um vídeo simples e cheio de delicadeza, que mostra sua relação com a cor rosa.
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Letrux

Cuidado paixão (Be careful, my love)
Potência da cena carioca, Letrux lançou seu segundo disco, "Aos Prantos", em 13 de março de 2020, no dia que o primeiro lockdown começou em todo o Brasil. Com turnê cancelada e sem previsão de volta, a banda gravou um EP-extra, intitulados "Prantos Pandêmicos" no fim do ano com cinco faixas em novas versões do álbum - incluindo essa, em inglês, produzida por Thiago Rebello.

Baco Exu do Blues

O sol mais quente
Com um disco novo na manga pra sair, a pandemia ressignificou sua existência e o rapper baiano gravou em apenas três dias em sua casa um outro álbum: "Não Tem Bacanal na quarentena". Entre as nove faixas, Baco reflete e bota dedos na ferida sobre questões sociais, do cotidiano e raciais impactadas pelo coronavírus. Em "O sol mais quente", em feat com Aisha, Baco diz: "Cê quer ouvir a voz de deus, vá atá o Nordeste / E escute o povo / Bote o ouvido na terra e escute o mundo / Coronavírus me lembra a escravidão / Brancos de fora vindo e fudendo tudo / O sol mais quente deixa tudo mais claro, mas eu continuo no escuro".
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Illy

Desafio
Outra voz deliciosa da Bahia, a cantora Illy aproveitou a pandemia e a licença-maternidade para brincar com as possibilidades que esse momento de isolamento lhe trouxe e homenageou um de seus ídolos, o cantor Belo. Assim como fez no disco com canções de Elis Regina, "Te Adorando pelo Avesso", aqui Illy trouxe um outro verniz ao clássico pagode, deixando ele mais pop. No registro audiovisual gravado em casa, a cantora baiana desafia a si mesma nesse conflito amoroso.

Silva

Passou, passou
Um dos maiores e produtivos nomes da nova MPB, o jovem capixaba desafiou os limites da pandemia e lançou seu quinto álbum de estúdio, que ele chamou de Cinco. Novamente ele se juntou ao talentoso irmão Lucas Silva para compor as 14 faixas do disco, que navegam por temas solares e românticos, sem perder bossa e a textura solar que vem demarcando sua discografia desde Brasileiro. "Passou, passou", com deliciosa pegada ska, é uma delas e que trouxe ainda um divertido e pop videoclipe num engenhoso plano-sequência em que fala do término de uma tragédia amorosa.
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Gaby Amarantos, ft. Ney Matogrosso e Urias

Vênus em Escorpião
Nessa canção sobre amores intensos em meio ao caos, a artista paraense escalou dois ilustres nomes e promoveu um encontro geracional com o vanguardista e transgressor Ney Matogrosso e a maravilhosa revelação Urias. Para o videoclipe, Gaby aproveitou para ir além e deixar registrada suas críticas ao que sua terra e o meio ambiente vem sofrendo atualmente em tempos de "passar a boiada": com desmatamentos e queimadas.

BaianaSystem

Reza forte
Espécie de catarse coletiva em forma de banda, BaianaSystem revolucionou a cena musical da Bahia e do Brasil. Liderada por Russo Passapusso e Robertinho Barreto, o grupo trouxe novo oxigênio e abriu espaço para outras revelações que não param de surgir nessa efervescente terra - para muito além da axé music. Num momento em que se torna impossível pensar um show catártico do Baiana, a banda nos presenteia com uma trilogia musical que ganha nome de OXEAXEEU (uma junção da interjeição oxe, a saudação axé e o orixá Exu). Parte do primeiro ato ("Navio Pirata"), a música "Reza Forte" abre os caminho com essa parceria com o rapper BNegão em que fala sobre fé ancestral dos povos afrodescendentes.
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Emicida & Gilberto Gil

É tudo pra ontem
Um dos maiores pensadores do Brasil, Emicida levou seu brilhante disco AmarElo ao Teatro Municipal no fim de 2019, pouco antes da pandemia. E o que era pra ser um registro da apresentação acabou se tornando um documentário, uma belíssima aula-homenagem à cultura negra brasileira e uma análise social sobre o nosso país. Em "AmarElo - É Tudo pra Ontem" (Netflix), Emicida constrói pontes e faz nos repensar enquanto Brasil em uma sociedade tomada pelo ódio. Desse filme saiu essa parceria inédita - e linda - com o mestre Gilberto Gil, que ganhou registro visual com Emicida aos pés do Municipal, onde fora realizada aquela noite histórica.

Gal Costa & Tim Bernardes

Baby
Presa em casa por conta da pandemia, a baiana Gal Costa nos presenteou com um disco em que revisita seu repertório em novas versões e duos com cantores e compositores, como Seu Jorge, Jorge Drexler, Criolo e Zeca Veloso. Uma das mais belas canções de seu repertório - composta por Caetano Veloso para Maria Bethânia, mas gravada por Gal em 1968 no antológico "Tropicália ou Panis et Circenses" -, "Baby" ganhou a companhia e arranjos de Tim Bernardes, um dos maiores talentos da nova geração musical. O resultado é de uma beleza ímpar e faz dessa versão uma preciosidade, das mais bonitas do disco.
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Pitty

Na tela
A cantora baiana radicada em São Paulo aproveitou o momento da pandemia para refletir sobre relacionamentos virtuais nesse single, "Na Tela". Potencializada nesse momento de isolamento, em aplicativos, lives, zooms, entre outras ferramentas virtuais de relacionamento, Pitty brinca "logo quando eu pensei, "oba, lá vem ela", entre eu e você havia uma tela".

LADO B: OLHAR NO FUTURO

NOVOS TALENTOS

Kaique

Rosa
Duda Beat foi uma das primeiras a olhar pra esse menino através de um cover na internet. Foi o suficiente para despertar interesse no compositor prodígio. O jovem mineiro de apenas 14 anos, aproveitou a pandemia e o ensino à distância, pra se dedicar ao projeto e escreveu (e gravou, em uma semana!) canções que falam de um sentimento que ele não conhece ainda, mas idealiza: o amor. A deliciosa e chiclete "Rosa", canção escolhida pra playlist, também ganhou clipe adorável, na tonalidade que ele canta.
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Zé Manoel

Adupé Obaluaê
Num ano marcado por pandemia e por atos de Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) pelo mundo todo, esse pianista e compositor pernambucano mergulhou fundo em sua ancestralidade aliando discurso e riqueza sonora. Em "Do meu Coração Nu", Zé Manoel entrega a História que a História escrita pelas mãos brancas não conta e exalta o povo e a cultura negra, sem deixar de despir suas dores de um Brasil racista. "História Antiga", por exemplo, lembra os 80 tiros disparados pela polícia carioca à luz do dia e que mataram o músico Evaldo Rosa quando ia com sua família pra um chá de bebê. Em um momento como esse que esperamos tanto a cura, Zé entrega ainda mais beleza em "Adupé Obaluaê". A música, cujos versos chegaram em sonho, ganhou lindo vídeo com performance de Gil Alves em que evoca orixá da cura Obaluaê.

Fran & Chico Chico

Ninguém
Neto de Gilberto Gil e filho de Cássia Eller, Francisco Gil e Chico Chico somaram seus preciosos genes para um disco que potencializa seus talentos musicais. Gravado durante a pandemia, o álbum "De Onde?" faz releituras de grandes canções que fogem de obviedades de repertório, como "Árvore", de Edson Gomes, "Procissão", de Gilberto Gil e "Isso Não Vai Ficar Assim", do vanguardista Itamar Assumpção, morto em 2003. Foge à regra "Ninguém", de autoria dos dois. A única inédita do trabalhou ganhou esse afetuoso registro em estúdio - com os protocolos exigidos para esse momento, mas colocando o afeto
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Dulcineia

Turmalina
Vivendo na serra fluminense, o casal Tiago Soares e Gabriel Silva, que forma o duo Dulcineia, aproveitaram o contato com a natureza para fazer um lúdico trabalho em que falam sobre os encontros, recomeços, a mudança da cidade grande para o mato - destino de muitos que por questões financeiras ou de saúde mental também optaram por uma vida mais verde. Com textura pop, Dulcineia nos leva para lugares mais tranquilos e coloridos, tirando a gente do caos soturno, como a canção "Turmalina", que vem com esse registro, que bem poderia ser uma live.

Jup do Bairro

O Corre
Realizado com financiamento coletivo, Jup do Bairro trouxe pra seu trabalho de estreia canções que transitam sobre diversos temas, como gênero, sexualidade, racismo, depressão e a vida na periferia. "Corpo sem Juízo" se firma assim como um EP-manifesto cheio de potentes recados e riqueza artística. Parceira musical de outra potência Linn da Quebrada, Jup se aproxima muito mais do rock do que dos sagazes funks de outrora. Mesmo em duo com Deize Tigrona, veterana do funk, os metais que comandam a música. Gravado pouco antes da pandemia, o trabalho foi finalizado já em isolamento social, assim como os divertidos videoclipes, remotos e cheios de efeitos e animações. "O Corre" é mais um dos retratos multifacetados dessa grande mulher.
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Kunumi MC

Força de Tupã
Em tempos em que alguns aproveitaram a pandemia pra "passar a boiada", a voz de Kunumi MC é ainda mais bem-vinda para cantar contra os ataques à natureza. E o rapper guarani se aliou ao artista colombiano Lozk para invocar a força de Tupã nesses momentos muito difíceis e jogar luz sobre a escuridão, marca, aliás, do registro audiovisual. Na música, Kunumi também exalta as medicinas sagradas, em busca de uma mensagem de paz e esperança. O clipe foi gravado à distância entre a Aldeia Krukutu, em Parelheiros (SP), em que Kunumi mora, e a cidade de Bogotá, de Lozk.

Yan Cloud

Bafana
Após um Carnaval que prometia abrir os caminhos, com diversas participações em trios e palcos por Salvador, uma das maiores revelações da Bahia, Yan Cloud se viu preso em casa sem perspectivas de seguir fazendo shows. Aproveitou o isolamento para colocar em prática algo que precisava. Daí surgiu Pinkboy, um dos trabalhos mais interessantes do ano passado. Jovem, negro e periférico, Yan usa a cor rosa como estética para questionar o quão tóxico pode ser a masculinidade e a homofobia. De experiências pessoais saem canções como O que Cês Esperam em que questiona os estereótipos racistas da branquitude, em versos como "O que cês esperam de mim? / Um jovem negro arrogante? / Fazendo assalto com a sua gang? / Que não usa a cabeça só glande?". Outra joia do trabalho, "Bafana" é um hino-exaltação à auto-estima do jovem negro. Como diz a frase: "Oi seguimores, preto foda tá passando na sua timeline".
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Marina Sena

Me Toca
Da mineira banda Rosa Neon, Marina Sena se aventurou em projeto solo, mantendo a mesma pegada pop da sua trajetória. Não fosse a pandemia, "Me Toca" certamente estaria em todas as pistinhas do verão passado, com cara de hit de carnaval. De todas as playlists praticamente esteve - inclusive das 50 mais viralizadas no Spotify. Prenúncio de seu primeiro álbum, Marina caiu no gosto e se jogou no divertido e pop clipe, com uma pegada de flerte e liberdade - inclusive saudades né?

Numa Ciro

A arte é mulher
Nunca é tarde para nada, é o que prova Numa Ciro. Depois de fazer eventuais aparições na cena underground do Rio, a paraibana radicada no Rio de Janeiro enfim gravou seu primeiro disco, aos 70 anos de vida. Produzido pela amiga e percussionista Lan Lahn, o disco reuniu parcerias com César Lacerda, José Miguel Wisnkik e João Donato, além de uma "parceria-póstuma" com Luiz Gonzaga. Uma mulher dessas não ia deixar de dar seu recado feminista, como faz na interessantíssima "A Arte é Mulher". "A Mulher, por si mesma, foi criada / O pensamento saiu da sua boca / Antes disso a linguagem era oca / Ao sentimento, ela deu um coração / Inventora do Amor e da razão / A Arte é Mulher"
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ARTE, PAPO E PALINHA

CONFIRA AS LIVES QUE ROLARAM